Bis de Jonas, noite de sonho de Renato Sanches, Luz de alegria

BENFICA 3, ACADÉMICA 0

O RITUAL INICIÁTICO DE UM JOGADOR

Uma noite com temperatura ideal para que pratica e quem vê futebol acabou por só levar ao Estádio da Luz (por enquanto Estádio da Luz, mas em breve os milhões do naming vão trazer-lhe uma nova identidade, aguardemos) apenas 34.752 na assistência. Desses, cerca de 50 eram adeptos da Briosa. Se no outro lado da 2.ª circular 34.000 nas bancadas é uma assistência razoável, no estádio ao lado do carismático Fonte Nova esse número mostra muita cadeira vazia e faz-nos lembrar que 6.ª feira à noite não é um dia por excelência de ir ao futebol. Felizmente é por um bom motivo – a Champions.

Com o apuramento garantido para a fase seguinte da Champions, foi livre da responsabilidade de gerir jogadores (esse problema parece só existir para os lado do Lumiar) que Rui Vitória alinhou com um onze habitual. Bem, com uma pequena grande alteração. Um miúdo com o nome de Renato Sanches. Depois de se ter estreado contra o Tondela – jogou 15 minutos – e depois de na Luz, conta o Boavista, ter jogado uns breves momentos, esta noite encheu o campo de alegria durante os 90 minutos.

É uma alegria transversal a toda a equipa encarnada.

Comparando com os anos JJ, o Benfica já não joga em modo TGV, sempre a correr para a frente, com jogadas planeadas mas com pouca criatividade artística. Com Rui Vitória o Benfica voltou a jogar no modelo português, um futebol mais pausado mas com triangulações, passes de abertura nas costas dos adversários e muitos passes e dribles de nota artística. Mais jogo a meio campo. Os jogadores nem sempre jogam bem, é certo, mas parecem divertir-se mais. Passes de calcanhar, fintas impossíveis, podem às vezes ser inconsequentes, mas enchem o olho e arrancam “aahs” da assistência. Muito em particular o Nico Gaitan.

E é no meio campo que, tudo indica, o Benfica vai ter mais um grande jogador – Renato Sanches. Bem no centro do terreno, primeiro ao lado de Fejsa, depois de Samaris, o jovem das tranças não se mostrou nada intimidado por ser titular e esteve sempre muito ativo, tanto a defender como a atacar.

Do lado da Académica boas combinações entre Aderlan e Ivanildo, bem junto à lateral de Eliseu, iam fazendo aparecer a Académica na frente. Os estudantes entraram em campo com as linhas bem juntas num 4-2-3-1 que facilmente se transformava num 5-4-1 ou, em algumas ocasiões, num 5-5-0 com duas linhas bem definidas dentro de campo. Era pelas laterais, especialmente a aproveitar o adiantamento de Eliseu, que a Académica tentava chegar à baliza de Júlio César.

Fejsa ia ajudando Eliseu mas aos 17 minutos, depois de uma perda de bola teve de fazer falta e viu o cartão amarelo.

Leandro Silva e Gonçalo Paciência perceberam bem que era pelo corredor direito que podiam progredir e fizeram algumas incursões, com boas tabelinhas, que acabaram na maior parte das vezes perto da linha de grande área benfiquista.

Do outro lado estava André Almeida a quem Plange ia dando luta e, nos cruzamentos que conseguiu, viu os centrais do Benfica a imporem a sua altura. Jardel não tem o carisma de Luisão mas, com exceção de um ou outro lance mais complicado, fez de patrão numa dupla sólida com Lisandro López.

Depois de remates à figura de Pedro Trigueira, e um remate por cima da trave, Pizzi faz uma excelente abertura para Jonas, à entrada da grande área. Iago faz carga de ombro já depois da linha, Jonas cai e pede grande penalidade mas a diferença de estatura foi a razão principal para o lance se ter perdido. O árbitro nada assinalou, desta vez.

Havia de ser ao minuto 32, com um passe de Jonas para Gaitan (o homem dos passes de calcanhar e das fintas impossíveis) que o guarda redes Pedro Trigueira estragou o bom jogo que estava a fazer até esse momento. Provavelmente Gaitan não teria conseguido chegar à bola, mas nunca saberemos – foi ceifado pelo guardião de Coimbra. Penalti que Jonas marcou com força. Foi o 1.º golo da noite.

A partir deste momento a Académica começou a afastar mais as suas linhas e por vezes era possível ver bem delineado um 6-3-2 ou um 5-4-1, sendo que Gonçalo Paciência sempre foi o elemento mais avançado.

Aos 54 minutos saiu Nuno Piloto e entrou Hugo Seco que trocou logo de lateral com Fernando Alexandre e foi mais um a dar trabalho a Eliseu.

Com a Académica a dar mais espaços foi a vez de Renato Sanches se sentir mais solto e começar a aparecer na grande área adversária, aí, por diversas vezes Richard Ofori vez um trabalho aplicado. Mas a sua  atuação ficou com uma nódoa quando aos 68 minutos, num cruzamento de Eliseu, ao saltar com Mitroglou, toca a bola com a mão dentro da grande área. A trajetória da bola é completamente alterada, penalti sem margem para dúvidas.

Penalti que Jonas volta a marcar, mas desta vez, Pedro trigueira para um lado e bola para o outro.

Parabéns ao Pedro Trigueira que esteve sempre muito bem colocado entre os postes. Sofreu dois golos de penalti e um outro, indefensável, aos 85 minutos com a marca de Renato Sanches. Um pontapé a 35 metros da baliza, que entrou cruzado, com a bola ainda em trajetória ascendente. Rui Costa sorriu, Luís Filipe Vieira agitou-se na cadeira e também não conseguiu esconder o sorriso, o público da Luz ainda sorria e falava do golo ao sair do estádio. Como ritual iniciático, marcar um golo de levantar o estádio, não está nada mal.

Apesar de ter dominado, na verdade o Benfica não teve muitas ocasiões de golo iminente. Nem as teve a Académica. O Benfica acabou por aproveitar os dois penaltis e o golo de Renato Sanches.

Renato Sanches, o miúdo que vai ser falado. Muito falado.

 

BENFICA

Júlio Cesar

Lisandro

Fejsa

Nico Gaitan

Mitroglou

Jonas

Eliseu

Pizzi

Jardel

André Almeida

Renato Sanches

SUBSTITUIÇÔES

Fejsa por Samaris

Pizzi por Gonçalo Guedes

Mitroglou por Carcela

 

ACADÉMICA

Pedro Trigueira

Aderlan

Ricardo Nascimento

Ivanildo

Iago

Gonçalo Paciência

Leandro Silva

Nuno Piloto

Ofori

Plange

Fernando Alexandre

SUBSTITUIÇÔES

Nuno Piloto por Hugo Seco

Plange por Rabiola

Gonçalo Paciência por Rafael Lopes

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *