Leão soberano na Luz

Grande vitória do Sporting – já é a segunda seguida contra o Benfica, sendo que o Sporting nunca vencera 0-3 neste Estádio, nem o Benfica perdia em casa há 56 partidas. Num jogo que de si já tanto prometia. Comecemos pelo público que encheu as bancadas. Coreografia perfeita inicial muito a dar a perfeita noção da unidade, entusiasmo e empenhado dos adeptos encarnados na vitória da sua equipa – entusiasmo esse que nem com o 0-3 esmoreceu, bastou uma boa oportunidade de Gaitán para o vulcão da Luz ressuscitar, sol de pouca dura, sim, mas de um calor bem real.

O jogo começou com as equipas encaixadas mas logo com o Benfica com outra acutilância, a tentar abrir jogo, balancear-se logo ao ataque. João Pereira trava Gonçalo Guedes no que seria lance de golo e com falta amarelo, não estivesse o jovem extremo encarnado em fora de jogo. O Benfica é mais uma seta apontada e aos 5 Jonas cabeceia ao lado a culminar bom lance de ataque.

Benfica entra melhor na partida contudo, no melhor pano acaba por  caír a nódoa quando em lance de contra-ataque aos nove minutos, Júlio césar falha Téo Gutiérrez aproveita o ressalto para fazer o golo do Sporting.

Aos 11 boa defesa de Patrício em livre indirecto apontado à área do Sporting. Aos 16 o Sporting, quiçá numa de tornar o jogo mais morno perde ensejo de uma boa opoutunidade de ataque com excesso de trocas de bola até ao cruzamento inofensivo para defesa fácil de Júlio César. A toada leonina, no entanto começava a ser essa: controlar o jogo. E assim seria até ao fim da partida. Controlar, para dominar, para, por fim, imperar sobre o relvado da Luz, com três golos sem resposta que até podiam ter sido mais dois, pelo menos, mesmo que o Benfica também pudesse aqui ali ter marcado.

Aos 20, cruzamento de Jefferson para cabeçada de Slimani e golo do Sporting. Se se pode dizer que os leões pouco tinham feito para chegar ao segundo em vinte minutos, também se pode dizer que o golo esse surgiu com toda a naturalidade do mundo. Claro e cristalino, com a defesa das águias a ver navios. Slimani elevou-se e implacável cabeceou, sem piedade nem contemplações. Estava feito o 0-2. Em três lances o Sporting faz dois golos. E consegue manter a toada morna que mais lhe convém.

Aos 28 grande remate de Jonas com selo de golo com a bola a só não entrar por um triz. As águias não mereciam o resultado mas o tal Sporting controlador, personalizado, eficaz e mortífero imperava. As 34 tem o primeiro canto a favor. Até que, com a mesma naturalidade, se bem que beneficiando de um natural balanceamento atacante do Benfica e numa rápida transição atacante, o Sporting faz o terceiro. Estávamos nos 36 minutos e seu autor é Bryan Ruiz que teve toda a frieza para marcar em recarga numa insistência atacante leonina, conseguindo ludibriar a defesa adversária e fazer o golo com toda a classe nas barbas de Júlio César.

Se com o 0-2 o Benfica ainda reagia – inclusive com o incessante apoio dos adeptos – o 0-3 já foi sentido como um choque – a força anímica foi-se, a moral como que sumiu, a equipa ficou sem ponta de sangue, pudera.

Para a segunda parte sai Eliseu e entra Fesja, ele que minutos depois logo levou amarelo, o que num médio defensivo condiciona sempre uma equipa. Aos 48 remate ao lado de Gaitán, um golo madrugador logo ao inicio da segunda parte bem que daria jeito aos encarnados, mais a mais enquanto o Sporting ia controlando. Duplo amarelo para Jonas e William a espelhar os nervos, sobretudo de Jonas – muito nervoso em todo o jogo, o avançado brasileiro. O Sporting é dono e senhor do jogo, controla e ainda joga no meio-campo adversário.

Aos 56 a melhor ocasião da segunda parte e uma das melhores em todo o jogo com Jefferson a não fazer a bola entrar por um triz, quase um golo cantado. Isto quando já era tempo mais que suficiente para concluir acerca da nulidade da segunda parte encarnada. Mais dava força tinha este Sporting forte e com ideias, contando comum grande  João Mário como cérebro e pulmão. João Mário não só balança e marca os ritmos do jogo da equipa como também é quem mais recupera a bola nos ataques benfiquistas. Aos 63, minuto depois de mais um ataque verde e branco, o Benfica dispõe de mais um livre indirecto em cima da área do Sporting. É Gaitán que remata acima da baliza. E é o Sporting que continua a comandar, dono de praticamente todas as bolas a meio-campo, recupera as bolas, troca-a a seu bel prazer, quase brinca nos posicionamentos, em suma, vulgariza o Benfica, ou se quiserem, joga como quer. A prová-lo, Fejsa acaba por sair – ele que tinha entrado logo ao início do segundo tempo – para a entrada de Pizzi, substituição tardia à luz de tudo o que ocorre ao longo da segunda parte e com pouco mais de vinte minutos para jogar.

Aos 68 a melhor oportunidade do Benfica em toda a segunda parte e uma das melhores da partida com superioridade numérica encarnada na área e Paulo Oliveira a salva a defesa de maiores calafrios, o que surpresa ou não empolga o Estádio da Luz e como já anteriormente referido “ressuscita o vulcão” e aos 70 Samaris tenta dar jus ao apelo disparando a rasar a barra da baliza de Rui Patrício. O Sporting, no entanto, tenta-se manter frio de atitude e espírito e continuar com o seu jogo, nomeadamente controlando-o em suas operações a meio campo, sobretudo trocando a bola entre os seus médios.

75 minutos, surpreendentemente, os adeptos, continuam a apoiar a equipa. Sai então Gonçalo Guedes para entrar Mitroglou enquanto no Sporting entra Aquilani por Adrien Silva. 63054 adeptos têm em Gaitán o melhor jogador do Benfica, ele que bem tenta aos 80 driblar vários adversários mas parecia mais um contra um exército – foi assim em todo o jogo, sendo importante referir que foi um jogador muito marcado, unidade mais importante encarada e em grande forma, os leões trouxeram a lição bem estudada para não lhe dar espaços. Depois Mitroglou a atirou-se à piscina e levou amarelo e Pizzi a rematar muito ao lado eram o muito retrato da inépcia encarnada. Aos 84 entra Gélson por Slimani.

O desnorte encarnado ia dando em golo aos 88 quando Luisão num mau atraso ia provocando o golo do Sporting. com Júlio César a ficar magoado da mão.

Em suma, grande vitória do Sporting, além de justa. Ganhou a equipa mais organizada, personalizada, concentrada e consistente. O Benfica teve sérios problemas a defender, nunca foi superior a meio-campo e foi demasiado nervoso no ataque. Salve-se Júlio César, e um Gaitán muito marcado – não fosse causar mais estragos – numa exibição para esquecer das águias – mesmo que o jogo tivesse começado bem, mesmo que pudesse ter tido outra sorte caso alguns lances tivessem resultado, mesmo com esses ses, nada garante que mesmo assim o Benfica conseguisse hoje ser mais forte que este Sporting de Jorge Jesus. E o conseguir, claro está, liga-se a todo um jogo que mais que mal conseguido, não foi sequer conseguido. E com este resultado o Sporting está agora a oito pontos e com vantagem no confronto directo. Sendo que com o empate caseiro do Porto contra o Sporting de Braga é agora o novo líder isolado do campeonato.

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