Empate e “siga para bingo”

Para uma equipa o resultado foi muito melhor que a exibição, para a outra o contrário. Isto para escrever o óbvio que já se sabia e adivinhava antes do jogo: o empate interessava e muito ao Benfica (que assim aumenta um ponto face ao Benfica- teoricamente fica a quatro) e nada ao FC Porto, que o pode e bem sentir como uma derrota a que o adversário tivesse juntado um empate materializado na vantagem no confronto directo.

Vamos à partida. Ambiente de assombro no Estádio da Luz com muita cor e luz nas bancadas e uma coreografia que só pode deixar os parabéns a toda a organização benfiquistas. O jogo começa intenso de parte a parte sem ocasiões de perigo mas mais posse de bola por ordem do Porto, com Óliver em plano de destaque. Também Jackson fazendo pressão à saída de meio-campo encarnado a causar cautelas e apreensão à defesa encarnada. Do outro lado era Jonas (que acabou por ser o homem do jogo) a ser e bem vigiado pelo meio campo defensivo e defesa portista. Nada que também não se antecipasse. Todo o cuidado era pouco contra as suas setas atacantes, os dois jogadores (no Benfica também Gaitán e Luisão) mais importantes das duas equipas-

Vigiadas pois as principais unidades criadoras de perigo e do jogo atacante, o jogo foi um tanto ou quanto preso, tanto para um lado como para o outro, com as duas equipas a guardarem muito bem as linhas de saída vigiando com o rigor de exército as linhas da transição ofensiva adversária. Muito receosas uma da outra, com unidades criativas como Óliver ou Gaitán a fazer mais trabalho táctico que propriamente a criar jogo. Jogo muito táctico,sim,  sem grande beleza, é certo, a frase batida de jogo feio talvez seja demasiado forte para descrever o embate mas não foi um jogo propriamente interessante. Nem houve particular emoção. Falando na equipa que mais precisava atacar e ganhar, o FC Porto, esta dispôs de apenas uma oportunidade de real perigo em toda a primeira parte. Por Jackson, como não podia deixar de ser, o que já não se compreende é como um jogador da sua categoria falha aquela bola. Mas adiante. O FC Porto não atacou a sério mais que isso. E se há – porque há, basta ver ou ouvir a conferência de imprensa – quem não se deva queixar de tal desiderato essa pessoa é Julen Lopetegui que ao deixar de fora Quaresma e Herrera por Rúben Neves e Evandro mostrou mais receio pelos encarnados que intrepidez para a (necessária) vitória e se pensou lançar Ricardo Quaresma numa fase da partida em que o FC Porto estivesse mais cansado e com não tanta força anímica outra verdade é que o mustang não é aquilo que se possa propriamente chamar um bom suplente. Como também é verdade que os dragões tinham a necessidade premente de marcar logo na primeira parte, sob pena de ficarem reféns e vulneráveis aos melhores ingredientes de quem se quer em posição de jogar em contra-ataque: uma equipa balanceada para o ataque em desespero de causa. O que acabou por acontecer, pois no segundo tempo, o FC Porto perdeu o discernimento e o controlo da partida jogando mais com o coração do que com a cabeça, bem pode o treinador espanhol dizer que a sua equipa foi a única a tentar ganhar – só quem não é estúpido ou faccioso pode cair nessa desculpa de mau pagador…

O Benfica também não criou grande jogo ofensivo – era a que menos precisava – mas esteve tão perto de marcar como o FC Porto com Jackson, Fejsa que o diga, com aquele falhanço monumental quase à boca da baliza. Se o FC Porto foi a equipa que mais tentou ganhar – ao contrário do jogo da primeira volta no Dragão, foi a equipa que menos soube fazer para ganhar, até mesmo para empatar. O momento do jogo acabou por ser a feia altercação no final da partida entre Jorge Jesus e Lopetegui, mas nisso até Jesus saiu por cima quando mandou seguir para bingo. Como que a dizer não tarda nada… E sim,parece não vai tardar muito.

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