Sporting fora da champions deixa a história repetir-se como farsa

E repete-se a sina. Quando tudo apontava para que o Sporting passasse a eliminatória, mais a mais depois da vantagem importante que era o golo marcado fora e com o CSKA, mais a mais com o Sporting tendo o jogo controlado e o CSKA  a ter de fazer no mínimo dois golos, o que não sendo impossível, seria extremamente difícil. Na condição em que o Sporting não deixasse que fosse fácil, e o Sporting deixou. Entre Mark Twain que dizia que a história não se repete mas rima, e Karl Marx que dizia que a história repete-se primeiro como tragédia, depois como farsa, a deixa fica com Karl Marx. A farsa essa, obviamente pode ser a arbitragem, claramente, mas também pode e deve ser apontada a desastrada segunda parte do Sporting. A derrocada total, sobretudo pelo incompreensível do Sporting nem se ter dado conta ou apercebido que sempre que esteve em cima deste CSKA a equipa fez golos, tinha o domínio territorial e o adversário pouco podia fazer. Sim, o Sporting, com maior ou menor audácia, podia ter matado a eliminatória, e se não tivesse matado a eliminatória, teria dado espaço, e tempo, ao menos, para o adversário não poder dar a volta.

Deixemos aqui o lado técnico-táctico de parte, que o futebol não é só técnico-táctica, tem até vezes, como na noite de ontem, que o que conta é a crença, o instinto, a aprendizagem de experiência adquirida, a inteligência (mínima) de se aperceber o que está na cara e na frente dos olhos, nada menos do que resulta e não resulta.

Ora o Sporting, a ganhar por 0-1 e com tudo para passar a eliminatória, dez anos depois, volta a sofrer três golos de rajada numa segunda parte com o mesmo adversário, quando só e apenas lhe bastava fazer um golo. Mas não, missão impossível. Porquê? Porque a equipa encontrava-se perdida, demasiado perdida, como é possível que tenha perdido o norte, o controlo, a acutilância? Certo que o golo anulado a Slimani podia ter revertido o curso dos acontecimentos, já o golo marcado com o braço, admitindo que tenha sido erro da arbitragem, pode até ter sido irrelevante, no sentido em que seria apenas uma questão de tempo, nas circunstâncias em que se encontrava o jogo, com os russos totalmente balanceados no ataque, não teriam os russos na mesma ter feito outro golo? Não seria uma questão de tempo?

Verdade é que 14 milhões de euros foram à vida. O Sporting teve um domínio claro numa primeira fase, nomeadamente os primeiros vinte minutos. Surpresa no desenho da equipa em 4-2-3-1, com Aquilani em deterimento de Slimani e com Bryan Ruiz muito em jogo, a ter grande influência na manobra da equipa. Até que e equipa do temível tridente ofesivo Doumbia-Tosic-Musa começou a incomodar Rui Patrício, tanto que o Sporting acaba por marcar aos 36 um tanto quanto contra a corrente de jogo, ou pelo menos como um autentico balde de água fria, num momento em que os russos começavam a pôr o pé no jogo. João Pereira lança Teo Gutiérrez que marca e tudo parecia luminoso para o Sporting que já via perto os milhões da liga milionária. Nada mais errado, como sabemos.
Na segunda parte, o golo da besta negra do Sporting (é mesmo capaz de ser a maior besta negra do Sporting, pelo menos a nível internacional é claramente) não tardou a surgir. No tal lance caricato, Doumbia marca com o ombro, ou o braço, seja como for, não esconde o erro clamoroso da defesa do Sporting. Pior é que o Sporting ia recuando, cada vez mas recuando, como com medo, com cada vez mais medo e o CSKA ia somando oportunidades atrás de oportunidades e o golo quase parecia como uma mera questão de tempo, mas também, diríamos, como uma inevitabilidade. Então foi Musa, aos 71, na cara do guarda-redes. Veio depois a entrada e o golo anulado a Slimani. Até que com o prolongamento à vista, Musa acabou com a “brincadeira”. Parecia que o Sporting estava mesmo a pedi-las. Apesar da arbitragem, apesar do azar, da sorte, do que seja, o Sporting só pode mesmo queixar-se de si próprio.