Fome de bola, fome de golo, jogo de mão cheia

Belenenses 2-5 Sporting (Bakic – 75,  Tiago Silva – 88 / Slimani – 23, 32′ g.p; Adrien – 54, Teo Gutierrez – 58, 78)

O Sporting está em grande e qualquer um que tenha estado ontem no Estádio do Restelo ou assistido ao jogo pode bem dizê-lo: o Sporting jogou muito. Jogou muito e tanto o suficiente para poder deixar transbordar o copo, seja pela quantidade de oportunidades desperdiçadas, pelo menos tantas como os golos marcados, e são bem o retrato de uma época no que bem se sabe ou imagina como pode custar um título nacional (ontem o excelente Bryan Ruiz, fez questão, mas não só Ruiz…). Outra forma do copo transbordar e entornar da pior maneira esteve nos dois golos sofridos. Mas adiante: o Sporting fez mesmo um grande jogo. Um jogo onde, mais por mérito próprio que outra coisa, por mais que se possa dizer o contrário – apesar do momento de crise interna vivida no Belenenses a ter seu ápice na semana até ao jogo -, jogadores em nota máxima como um João Mário (endiabrado), Slimani (enérgico, “esfomeado”, impetuoso), Adrien Silva (imperial), William (renascido). Um Téo Gutierrez regressado aos seus créditos de titular da selecção colombiana e a bisar na partida, um Ruiz sempre influente na manobra quer atacante quer no meio campo sempre a pautar o momento ofensivo e o primeiro momento defensivo.
Depois a dupla de centrais como há muito não se via em Alvalade. O internacional uruguaio Coates é o patrão mas Ruben Semedo parece ter definitivamente arrumado o lugar a Paulo Oliveira (como Schelotto a João Pereira…). Depois há a parte do dois em um que constitui esta dupla:
permite que a equipa jogue mais alto no terreno, aumenta-lhe sobremaneira a versatilidade táctica. Numa defesa onde Bruno César parece o último achado de Jorge Jesus a defesa esquerdo, ou pelo menos parece funcionar:
duas vezes a defesa esquerdo, duas vitórias com cinco golos, dez golos marcados em dois jogos face a adversários como um Belenenses e um Arouca que não estão propriamente condenados… A grande dinâmica ofensiva sufocou os azuis num jogo em que Adrien levou um amarelo que o retira do próximo jogo (em casa, com o Marítimo).
O jogo em si teve muitos adeptos nesse belíssimo Estádio do Restelo que no entanto mais parecia um mini-Alvalade com pelo menos um topo e toda uma bancada central de ruidosos adeptos sportinguistas. O Sporting entrou forte e autoritário, enérgico, inteligente e mandão sobre o jogo. Tanto que basta dizer que aos primeiros quinze minutos podia certa e facilmente ter feito três, quatro golos talvez, não fosse apenas o forte vento que se fazia sentir mas sobretudo esse já tão falado desperdicio de mãos cheias de golos cantados ou quase cantados: Slimani, Ruiz, João Mário, Téo Gutierrez… O Belenenses deperava-se com extremas dificuldades e, como se assistiria em toda a partida, via-se completamente impotente face à armada de Jorge Jesus… Armada essa agressiva, acutilante, com fome de bola, fome de golo, até que aos 23 Slimani o materializa finalmente naquele marcador do topo sul…O Resto é história – ou a história do jogo, feita de golos (e mesmo este Belenenses teve direito a dois) e oportunidades desperdiçadas -, e este Sporting está bem ameaçador e recomenda-se…

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